Após a Paixão e Morte, o Corpo de Cristo foi depositado no sepulcro, envolto por lençóis e perfumado por ungüentos.
Ao ressuscitar, seu Corpo ficou miraculosamente no Santo Sudário, onde já havia sinais anteriores do Preciosíssimo Sangue emanado das chagas de Sua Paixão.
Com efeito, na parte interna desse sagrado tecido, que estava em contato com o Corpo, podemos ver hoje, impressa de forma inexplicável e com incrível nitidez, a figura de um homem morto por crucifixão. Não há sinais de pigmentos corantes nem de marcas de pincel. Pelo contrário, as fibras de linho encontram-se parcialmente desidratadas em minúscula profundidade, adquirindo deste modo diferentes tonalidades. E a milagrosa imagem assim estampada reflete a dolorosíssima Paixão de um Varão que suportou padecimentos que desafiam a capacidade humana de sofrer.
De adequadas proporções, com um metro e oitenta e três centímetros de altura, ampla fronte, cabelos abundantes caindo ordenadamente até os ombros, uma nobre barba dividida em duas partes, espessas sobrancelhas, bigode cerrado – possuía todas as características de um homem bem constituído.
Ressalta logo em seu Rosto a marca de um violento golpe que Lhe quebrou o septo nasal e causou grande inflamação em toda a face direita. Notam-se também as marcas do terrível tormento da flagelação, aplicada por dois algozes romanos, usando o pior dos açoites – o flagrum - , composto por três tiras de couro com bolas de metal nas pontas. Para aplicar-Lhe esse suplício, ataram o Réu a uma coluna de pouca altura, expondo Suas costas aos golpes de látego. Há sinais de mais de 120 vergastadas na parte posterior do corpo, além de 70 outras nos braços, na parte dianteira das pernas e no peito.
Sobre sua Cabeça foi colocado um entrançado de ramos espinhosos, com pontas de quatro a seis centímetros. Uma delas atravessou a sobrancelha esquerda, a ponto de quase impedir a bertura da pálpebra.
As grosseiras cordas com que O ataram deixaram marcas nos seus pulsos e marcaram a sua cintura com coágulos de sangue, especialmente na parte das costas. Os ombros se apresentam escoriados, por haver suportado, durante um longo percurso, o peso de um áspero madeiro.
Nos joelhos, nos peitos dos pés e no nariz há sinais de violentas batidas na terra, que abriram novas feridas. Nota-se em uma de suas mãos a marca das feridas provocadas pelos cravos, das quais jorrou sangue em abundância, correndo pelos braços até os cotovelos. E os pés, pregados um sobre o outro, mostram-se quase totalmente banhados em sangue, inclusive na parte das plantas.
Hoje em dia, o Santo Sudário pertence à Santa Sé e sua guarda está confiada ao Arcebispado de Turim.
“Este tecido de linho no qual Nosso Senhor Jesus Cristo foi envolto [...] vós o deveis venerar e adorar” – disse o Papa Júlio II (1503-1513), ao aprovar a Missa e o Ofício pelos quais, com sua autorizada palavra de Vigário de Cristo na terra, oficializou o culto público à Santa Síndone.
Desde então, numerosos forma os santos e pontífices que peregrinaram a Turim para rezar perante a sagrada relíquia. Entre eles, constam Pio XI, Pio XII, Beato João XXIII, Paulo VI, Beato João Paulo II e Bento XVI.
Peregrino em Turim, ajoelhado diante do Santo Sudário, Bento XVI deste modo expressou seus sentimentos: “Exatamente do escuro da morte do Filho de Deus brilhou a luz de uma esperança nova: a luz da Ressurreição. E eis que, parece-me, olhando para este Santo Lençol com os olhos da Fé se perceba algo desta luz. Com efeito, o Sudário foi imerso naquela escuridão profunda, mas ao mesmo tempo é luminoso; e eu penso que se milhões e milhões de pessoas vêm venerá-lo – sem contar quantos os contemplam através das imagens – é porque nele veem não só a escuridão, mas também a luz”. (Veneração do Santo Sudário – Turim, 2/5/2010)
O Santo Sudário é, verdadeiramente, testemunha muda e luminosa da Ressurreição de Jesus!
José Manuel Jiménez Aleixandre
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