
Quando chegou à hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. Disse-lhes: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer”. “Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus”. Pegando o cálice, deu graças e disse: “Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”. (Lc22, 7-20).
Para que possamos entender melhor este grande acontecimento, devemos nos atentar para a grande importância que tem a Páscoa para os judeus, bem como a Eucaristia para nós cristãos.
Todos aqueles que participam tanto da mesa da Páscoa judaica quanto da mesa da Eucarística, além de receberem um alimento sagrado, possuem uma distinta identidade religiosa, onde na verdade, servem para celebrar o significado histórico destes dois credos.
Por certo há uma aproximação entre a Páscoa Judaica e a Última Ceia e a Eucaristia. Um antigo sacrifício judaico chamado “Todah” é o elo entre estas duas festas.
Um sacrifício todah era oferecido por uma pessoa cuja vida tenha sido ameaçada, seja pela doença ou por um outro motivo qualquer. Ao se encontrar livre de tal ameaça, celebrava a libertação divina do homem daquela ameaça. A pessoa redimida demonstrava sua gratidão a Deus. Um cordeiro era imolado no templo, e o pão para a refeição era consagrado no momento do sacrifício. O pão e a carne, junto com o vinho, constituíam a sagrada refeição.
A palavra todah em hebraico significa “ação de graças” e também uma exaltação de louvor e gratidão a Deus. A palavra grega que melhor traduzia o sentido da palavra todah era eucharistia, da qual se originou a palavra “Eucaristia”. Eucharistia, assim como todah, significa ação de graças.

Quando Jesus toma o pão, parte-o e faz uma ação de graças, Ele age conforme as leis da todah e a Páscoa judaica, dando graças ao Pai pela salvação.
Na Eucaristia os cristãos bem como os judeus em sua Páscoa, dão graças a Deus pela salvação e trazem na memória a maneira de como estes fatos foram realizados.
As palavras de Jesus: “Fazei isto em memória de Mim”, Jesus fez da Páscoa judaica um ritual permanente, ou seja, uma festa litúrgica para assegurar que seremos levados à fidelidade, à Aliança e recordarmos que Ele nos salvou. O novo testamento chama este memorial de “a fração do pão”.
Jesus, “no primeiro dia da semana” (Lc 24,1), celebrou a Eucaristia, a primeira depois da Última Ceia com dois discípulos na aldeia de Emaus (Lc24, 13,28,30). Mais tarde, em comemoração ao dia da Ressurreição, “o primeiro dia da semana” viria a ser o dia da celebração Eucarística.
Em Atos dos Apóstolos (2,42,46), podemos observar evidências para a celebração diária da fração do pão, a Ceia do Senhor, ou Missa. “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações”. “Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração”,
No banquete eucarístico, Jesus é o próprio Cordeiro Imolado, ao instituir a Eucaristia declarou que seria a oferta do seu Corpo e do seu Sangue para a nossa salvação.
A Eucaristia está ao alcance de todos, muitos reconhecem no pão e no vinho o corpo e o sangue de Nosso Senhor, presente vivo e realmente entre nós, nas espécies sagradas. E sabemos também, que não são todos que assim acreditam.
O Senhor nos pede que conservemos o memorial da Última Ceia, com os sacramentos de união e comunhão “Fazei isto em memória de Mim”. O ato de receber nosso Senhor na Eucaristia torna o nosso amor fecundo. Tudo isto faz parte do plano de Deus para com a humanidade, para restaurar a nossa comunhão com Ele e nos preparar para a eternidade.
Um profundo sentimento de gratidão leva à adoração, pois o ato de adorar brota da gratidão.
Estudos elaborados a partir dos livros:
Bíblia de Jerusalém.
Editora Paulus.
A Sagrada Escritura no Ministério da Santa Missa.
Razões para ser católico.
Scott Hahn&Regis J.Flaherty (org)
Edição: Palavra&Prece Editora Ltda.